sábado, 24 de março de 2012

República Federativa da Tristeza.


Esse texto é o décimo quarto, o décimo terceiro foi escrito no dia treze de março por questões familiares, sentimentais, infinitas... Diante disso lembro do folclore em cima do número treze, sorte? Azar?
Garanto que a palavra sorte só virá a minha cabeça nesse momento agora, pois nas próximas e carregadas linhas ela passará longe, passará sem olhar diante de um dos meus inúmeros comportamentos.
O instigante de se criar um blog é saber da possibilidade que se tem de uma pessoa num sei de onde, que por algum motivo, instante, clicou no seu blog e entrou no seu mais íntimo (isso pros que escrevem com as tripas como eu!), por que tem quem finja na vida real e quem finja no papel.
Nessas últimas horas a melhor hora do dia está escondida sem previsão para aparecer, a melhor música, o melhor vento, o melhor sabor, devem se esconder por trás do que assumimos como superior a todos os gostos, ventos sons... Parâmetro! pode até ser, caso não existisse tudo seria único, mas esse parâmetro uma vez admitido passa de medida para ideal. 
Logo a dureza dessas últimas horas corta feito ferrugem de prego em tábua. Quantos acertos e tão poucos aplausos! Tão poucos erros e tantos holofotes! Eu queria dizer que não estava errado, por que eu nunca pensei errado diante da certeza que eu tenho, seriam caminhos tortos e escorregadios que nos levam quando perdemos firmeza?
Sim, um iceberg; além de gelado não nos dá segurança alguma um vez que estejamos em sua superfície, em suas paredes quebráveis.
De tantas horas que ainda virão eu fico na esperança de que algumas delas façam um esforço a mais pra chegar mais rápido, dispensem as horas de agora, pois depois que estas se forem, deixarão seus moldes, repetindo os momentos e os sentimentos, como balanço de mar.
É algo que fura de dentro para fora sem conseguir sair,
um desespero mudo, cor de gelo, 
vestido sob os trajes da normalidade.

terça-feira, 13 de março de 2012

O mar e a flor.

É possível encontrarmos alguém que ri e pensa igual mesmo no silêncio, que nutre os mesmos sentimentos mesmo que seja de uma maneira ainda indecifrada, acredito que muitas vezes somente amamos, somente. No entanto, aquele velho e sábio senhor, o tempo, nos esculpe de forma que a vida consegue soprar-se desempoeirando tanto a escultura quanto o escultor. Imagino uma onda gigante onde somos o surfista; podemos realizar as mais espetaculares manobras, batidas, aéreos, tubos... mas a onda continua a nos levar, seja o campeão mundial de surf, seja eu pegando jacaré, ela sempre nos levará pra beira, pro seu destino, cabe a nós sermos campeões, banhistas, felizes ou tristes... sempre molhados por essa coisa chamada vida. 
E eu já estava molhado quando decidi pegar mais uma onda, percebi a necessidade de sempre estar molhado e realizando a manobra que vinha na mente, e garanto, tenho pulmão pras quedas nas ondas e resistência pra mais braçadas, aprendi observando que a direção é mais importante que a velocidade, daí tento boiar quando a correnteza é contrária ou mais forte.
Todo dia tento externalizar isso, e ultimamente sinto uma certa leveza e reconhecimento quando caio nesse mar chamado vida. Agora, poder dividir e admirar as cores que o velho sábio me mostram é uma questão de experiência, que vem sempre que tempero-me com paciência, alegria, paz e loucura. Sim, loucura! Eu nunca soube de alguém que conseguiu ser feliz sem ser um pouco louco, sem desviar, sem transgredir a normalidade de uma onda, pois sempre que deitei em cima da imparcialidade diante das ondas, ela simplesmente me levou pra beira, e eu não consegui enxergar cores nem pintá-la com as manobras que eu ousava realizar, e hoje é isso que me deixa feliz, pintar a vida com as minhas cores. E se agora existe alguém que concordou com tudo isso, tenho que celebrá-la, tenho que mostrar que antes da vontade de pintar existe a idealização das cores, existe a vontade de entrar nesse mar, e isso não se consegue sozinho, ninguém consegue, não há sol a sós.

Esse texto é inteiramente seu, Mônica ... minha eterna flôr de Azeviche.
Feliz 13 de março, feliz dia da Mônica.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Você sabe o que é CSA? Nunca vi nem comi, eu só ouço falar!



Sou torcedor do sofrido Náutico (para insatisfação de vários alagoanos, e juro que não sei porque!), percebo a grande quantidade de pernambucanos, mas isso prá mim não é justificável tendo em vista que vocês também tem seus clubes oriundos de seus próprios redutos. E é disso que falarei.
Não é do meu feitio conviver com a camisa do Sport desde Recife, desde 1987! Sei de tantos em Alagoas, soube de um certo Pirralho que existem até bares do Sport por Maceió, o que posso fazer? Gosto não se discute, se lamenta!
Tirando essas vestes descontraídas e esborradas de formalismo por uma questão de conduta literária e moral eu digo que é deplorável, decepcionante escutar fogos e gritos apaixonados quando acontecem gols seja do Timão-eô ou do Frá-mengo, não desmerecendo tal sentimento, que é lindo e faz muitos o terem como oxigênio para com suas respirações, (reconheço que tenho muito apreço pelo Lazio-ITA, Atlético Madrid-ESP), porém há um limite entre a paixão exacerbada e a identificação local, no meu ponto de vista existe uma singularidade entre a história de um clube com sua cidade, onde se faz presentes os habitantes da mesma. Esses habitantes normalmente tendem a exalar uma certa inclinação em relação a algum contexto que o liguem a cidade ou ao clube, ou ambos.
Se hoje sinto mais amor ao meu clube, foi de tanto enaltecimento, de tamanho apreço, de tanta vivência de derrotas, vitórias, de tanto enxergar e me identificar com o amor expresso por muitos... É isso que cria o vínculo, aliás, só se cria vínculo com o que nos é intrínseco, como o que nos faz ser necessário e presente em vários momentos como útil ou agradável.
Sinto de longe a grandeza desses clubes do sul, uma superioridade indiscutível por n motivos que não vêm ao caso. O que me refiro nessas primeiras linhas de comunicação com o povo alagoano amante do bom futebol 'barcelonês style' é uma espécie de cobrança por sentimentos ao que é da terra, eu juro que ouvia mais em Recife falar dos clubes daqui do que em Maragogi. Fui num show em Novembro em União dos Palmares que o apresentador das bandas agitava o público: -"Cadê a galera do Framengoo! E a do Curintchaaaa!..." Quer dizer, não há um culto expressivo sobre o cenário local futebolístico, e afirmo com isso que tal atitude é uma das, se não for a mais grave para com o futebol alagoano. O Santa Cruz-PE continua na quarta divisão, porém com torcedores cada vez mais apaixonados, seja na dor, seja no riso, e com isso fica cada vez mais sacramentada as raízes, estirpes, ideais tricolores, tanto em Pernambuco como também no eco produzido nos outros estados. Com o Sport os rubronegros recifenses não são diferentes, amor arraigado, sentimentos aflorados o dia inteiro pela cidade, o que faz certas vezes não se perceber o vermelho das cores da cidade quando o rubronegro perde. Os alvirrubros seriam os mais tímidos, mas com a mesma ótica de grandeza que faz com que qualquer recifense olhe para outro estado e fale mesmo assim que é o melhor de todos, o mais feliz... 'Eu sou freliz!' Por que antes de mais nada ele se ama! Por que é convencido de que sem primeiramente o amor, nada cresce. O povo da minha terra me ensinou que uma cerveja antes do almoço é muito bom prá ficarmos pensando melhor, e com isso também disseram nas entrelinhas que as vezes precisamos colocar cores nas linhas do arco-íris, pois senão, não haverá arco íris para se olhar. É o que faz nós (recifenses) falarmos que da união do Capibaribe com o Beberibe formou-se o Atlântico! É rir do próximo sofrimento como se não houvesse outra maneira que não fosse entendê-lo e calçá-lo para pisar cada vez mais alto. As vezes nós mesmos temos que construir nossos pódios, assim como os altares são erguidos.



sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pecarne.


A carne também tem seu direito de ir a forra, que os imunizados de pecados não me ouçam nem me leiam, mas se faz necessários dias de pura apologia ao disforme, a não-regra deve ser estabelecida assim como a regra, ou então ambos não poderiam existir... Ouço a lamúria dos avessos como se sua espécie se despedaçasse nesse período, mas e se for? Qual o problema em ser mundano? Eu pensei que esse problema de ser de onde é tinha ficado restrito aos marcianos por serem de Marte, no entanto somos culpados também por sermos quem somos e de onde somos...
Lembro dos carnavais que me faziam perder uns cinco quilos num misto de gordura e prazer mútuo, fui mundano quando me deixei levar pelos pulos ensandecidos da multidão ao ouvir seus ídolos, eles queriam somente elevar suas almas desse chão pecaminoso segundo o Corretos, fui mundano ao me deliciar com todos os pecados estabelecidos como tais... Sabe aquela coceira deliciosa que as vezes surge e não paramos de coçar? É pecado! Aquela que nos tira o sossego, mas que enquanto é coçada nos remete a uma satisfação que vem do próprio ato, é pecado! Pecado bem que podia se chamar pecarne. Essa coceira por ‘incressa que parível’ vem da carne. E sendo a minha carne a mais barata, me misturo esfregando-me nesses becos por entre pernas e braços que não cansam de glorificar o insano. Sim, em algumas épocas do ano é valoroso ser de todo mundo, embora tentem nos ensinar que somos de um Só.
Apocalipse é fechar os olhos prá sempre. O celibato nos condena a bebermos nosso próprio suor. Isso sim é o fim do mundo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Reizado diário.







Cansado dessa vida preto-e-branco
Coloco um espelho pra que vocês sintam o que vejo
Todo dia luto contra o tempo, o ócio e a agonia de ser único entre tantos
Mesmo que eu não seja;
Tenho que morrer lutando para mostrar pra tribo
Que também quero ser só um!
Quero nada, eu quero é ser todo mundo..
Nunca gostei da palavra 'alistado'...ah! essa luta
É ofício de minha percepção me deixar sempre com essa cara...
De menino-homem-cansado..Desses que se pudesse e alguém tivesse ofertado, já teria sentado na janela.
E um simples copo d'água já seria o meu sonho alado.



sábado, 21 de janeiro de 2012

Aos externo-poetas.

Por que não falar dos próprios poetas? Desses que fazem das palavras sua visão de mundo, esses que transpiram sentimento nas folhas do próprio caderno esperando que alguém consiga entendê-lo despido de toda a sua normalidade social, poetas são necessários, sempre. Só de saber que enxergam e se expressam por uma ótica esborrada de sensibilidade, é verdadeiramente um desperdício. Existem homens e existem poetas.
Não esqueço nunca dos que esperam estalos no cotidiano para poderem se expressar, dos que precisam ir tomar uma cerveja, dos que precisam respirar primeiro um ar puro pra depois ruminar toda sua consciência poética, esses, meu deus do céu, só enxergam quando criam a mais propícia condição para o ato. No meu caso, as vezes deito na cama e vem a inspiração, puxo a cordinha do ônibus e a aflição do ônibus lotado me faz sussurrar uma letra, letra essa que será altamente mastigada pelas dores das sucessões dos momentos, juro pelos bosques egoístas que escondo no fundo da minha sacola.
Então meus caros, não adianta querer ir olhar a tampa de margarina que bóia no Capibaribe pra poder pensar numa crítica sobre a preservação do lindo novo mundo, é preciso massa pra modelar, é preciso já se ter o sentimento esgaçado pelas contínuas cenas promovidas pela luz do sol, é preciso calo, peleja.
As mais belas poesias que já pude ler quase sempre eram de homens terrivelmente deprimidos, descrentes, despudorados... Os alemães e os franceses, mesmo na época das luzes tiveram as mais variadas condições de vida, e muitos viviam enclausurados em seus cubículos muito pela nevada-condição de viverem a não poder observar as flores e as margaridas de um simples belo dia.
Portanto, poesia não vem da beleza do diamante tão somente, vem também da lava, do que derrete a caneta, da picada do mosquito, da dor do parto.. poesia vem de onde você a consegue enxergar, a poesia existe entre a coisa e o eu, a poesia é por vezes até a condição para que eu saiba quem sou eu quando quero me olhar por fora.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Certezas.


Depois de acordar sempre percebo o dia clarear somente em minha direção, primeiro em minha direção, depois é que ele clareia pro resto dos seres e plantas.
Ela, se vai com a proposta de querer viver pra sempre, mas não tão e quão somente daquela maneira atual. A viagem que agora além de angustiante é ensolarada, deixa nosso cão querendo deitar sempre a primeira sombra que avista, ele é de uma espécie que não consegue se mudar para Alagoas e caminhar sob suas estradas nessas tórridas manhãs de um janeiro nordestino qualquer.
Depois da certeza do suor presente, por vezes saúdo com todos os meus dentes a chegada de pensamentos sobre as pontes que me guiavam como religião, dessas que colocam aqueles acessórios de cavalos para só enxergarem e andarem ‘prá frente’, no entanto como sou somente metade cavalo, acredito que a outra metade é recifense; quis andar pro lado. Percebi que aqui desse lado existem argumentos pra se chamar o outro lado de outro lado, e antes que se torne este um texto abalado pela falta do afago natal ou de uma certa definição do que seria O Lado, sinto que a possibilidade de vários lados é saudável, cria discurso. Existe uma cidade aqui chamada Quebrângulo.
Que seja a milésima de um milhão ainda de vezes, mas afirmo mais uma vez que a distância do caos faz perceber o traçado conservador universal do mesmo... a aliança dele com o tempo... e a nossa rica, possível e imperceptível possibilidade de indiferença para com o mesmo.