terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Reizado diário.







Cansado dessa vida preto-e-branco
Coloco um espelho pra que vocês sintam o que vejo
Todo dia luto contra o tempo, o ócio e a agonia de ser único entre tantos
Mesmo que eu não seja;
Tenho que morrer lutando para mostrar pra tribo
Que também quero ser só um!
Quero nada, eu quero é ser todo mundo..
Nunca gostei da palavra 'alistado'...ah! essa luta
É ofício de minha percepção me deixar sempre com essa cara...
De menino-homem-cansado..Desses que se pudesse e alguém tivesse ofertado, já teria sentado na janela.
E um simples copo d'água já seria o meu sonho alado.



sábado, 21 de janeiro de 2012

Aos externo-poetas.

Por que não falar dos próprios poetas? Desses que fazem das palavras sua visão de mundo, esses que transpiram sentimento nas folhas do próprio caderno esperando que alguém consiga entendê-lo despido de toda a sua normalidade social, poetas são necessários, sempre. Só de saber que enxergam e se expressam por uma ótica esborrada de sensibilidade, é verdadeiramente um desperdício. Existem homens e existem poetas.
Não esqueço nunca dos que esperam estalos no cotidiano para poderem se expressar, dos que precisam ir tomar uma cerveja, dos que precisam respirar primeiro um ar puro pra depois ruminar toda sua consciência poética, esses, meu deus do céu, só enxergam quando criam a mais propícia condição para o ato. No meu caso, as vezes deito na cama e vem a inspiração, puxo a cordinha do ônibus e a aflição do ônibus lotado me faz sussurrar uma letra, letra essa que será altamente mastigada pelas dores das sucessões dos momentos, juro pelos bosques egoístas que escondo no fundo da minha sacola.
Então meus caros, não adianta querer ir olhar a tampa de margarina que bóia no Capibaribe pra poder pensar numa crítica sobre a preservação do lindo novo mundo, é preciso massa pra modelar, é preciso já se ter o sentimento esgaçado pelas contínuas cenas promovidas pela luz do sol, é preciso calo, peleja.
As mais belas poesias que já pude ler quase sempre eram de homens terrivelmente deprimidos, descrentes, despudorados... Os alemães e os franceses, mesmo na época das luzes tiveram as mais variadas condições de vida, e muitos viviam enclausurados em seus cubículos muito pela nevada-condição de viverem a não poder observar as flores e as margaridas de um simples belo dia.
Portanto, poesia não vem da beleza do diamante tão somente, vem também da lava, do que derrete a caneta, da picada do mosquito, da dor do parto.. poesia vem de onde você a consegue enxergar, a poesia existe entre a coisa e o eu, a poesia é por vezes até a condição para que eu saiba quem sou eu quando quero me olhar por fora.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Certezas.


Depois de acordar sempre percebo o dia clarear somente em minha direção, primeiro em minha direção, depois é que ele clareia pro resto dos seres e plantas.
Ela, se vai com a proposta de querer viver pra sempre, mas não tão e quão somente daquela maneira atual. A viagem que agora além de angustiante é ensolarada, deixa nosso cão querendo deitar sempre a primeira sombra que avista, ele é de uma espécie que não consegue se mudar para Alagoas e caminhar sob suas estradas nessas tórridas manhãs de um janeiro nordestino qualquer.
Depois da certeza do suor presente, por vezes saúdo com todos os meus dentes a chegada de pensamentos sobre as pontes que me guiavam como religião, dessas que colocam aqueles acessórios de cavalos para só enxergarem e andarem ‘prá frente’, no entanto como sou somente metade cavalo, acredito que a outra metade é recifense; quis andar pro lado. Percebi que aqui desse lado existem argumentos pra se chamar o outro lado de outro lado, e antes que se torne este um texto abalado pela falta do afago natal ou de uma certa definição do que seria O Lado, sinto que a possibilidade de vários lados é saudável, cria discurso. Existe uma cidade aqui chamada Quebrângulo.
Que seja a milésima de um milhão ainda de vezes, mas afirmo mais uma vez que a distância do caos faz perceber o traçado conservador universal do mesmo... a aliança dele com o tempo... e a nossa rica, possível e imperceptível possibilidade de indiferença para com o mesmo.