sábado, 21 de janeiro de 2012

Aos externo-poetas.

Por que não falar dos próprios poetas? Desses que fazem das palavras sua visão de mundo, esses que transpiram sentimento nas folhas do próprio caderno esperando que alguém consiga entendê-lo despido de toda a sua normalidade social, poetas são necessários, sempre. Só de saber que enxergam e se expressam por uma ótica esborrada de sensibilidade, é verdadeiramente um desperdício. Existem homens e existem poetas.
Não esqueço nunca dos que esperam estalos no cotidiano para poderem se expressar, dos que precisam ir tomar uma cerveja, dos que precisam respirar primeiro um ar puro pra depois ruminar toda sua consciência poética, esses, meu deus do céu, só enxergam quando criam a mais propícia condição para o ato. No meu caso, as vezes deito na cama e vem a inspiração, puxo a cordinha do ônibus e a aflição do ônibus lotado me faz sussurrar uma letra, letra essa que será altamente mastigada pelas dores das sucessões dos momentos, juro pelos bosques egoístas que escondo no fundo da minha sacola.
Então meus caros, não adianta querer ir olhar a tampa de margarina que bóia no Capibaribe pra poder pensar numa crítica sobre a preservação do lindo novo mundo, é preciso massa pra modelar, é preciso já se ter o sentimento esgaçado pelas contínuas cenas promovidas pela luz do sol, é preciso calo, peleja.
As mais belas poesias que já pude ler quase sempre eram de homens terrivelmente deprimidos, descrentes, despudorados... Os alemães e os franceses, mesmo na época das luzes tiveram as mais variadas condições de vida, e muitos viviam enclausurados em seus cubículos muito pela nevada-condição de viverem a não poder observar as flores e as margaridas de um simples belo dia.
Portanto, poesia não vem da beleza do diamante tão somente, vem também da lava, do que derrete a caneta, da picada do mosquito, da dor do parto.. poesia vem de onde você a consegue enxergar, a poesia existe entre a coisa e o eu, a poesia é por vezes até a condição para que eu saiba quem sou eu quando quero me olhar por fora.

2 comentários:

  1. Então isso me lembrou aquele papo de autores que escrevem músicas de madrugada depois de uma noite bohemia...... e tb me lembra um filme que ainda nem vimos e sei que vamos gostar: Poesia.. sul-coreano..
    bjs

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  2. tem um pouquinho pra Guga Cavalcante nele tb, que todo dia diz que vai começar a escrever poesia...

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